domingo, 26 de dezembro de 2010

Explicação da Eternidade

"devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim."


José Luís Peixoto, in "A Casa, A Escuridão"

Não me conseguiria exprimir mais claramente; não me seria capaz de de mente transpor o que penso a este respeito de uma forma tão concisa e, ao mesmo tempo, tão abrangente! O José Luis Peixoto é um prosador brilhante e um poeta inquietante!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Sabemos onde paira esse Rio?

Sei de um rio, sei de um rio
Em que as únicas estrelas nele sempre debruçadas
São as luzes da cidade
Sei de um rio, sei de um rio
Onde a própria mentira tem o sabor da verdade
Sei de um rio…
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Meu amor dá-me os teus lábios, dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede, mas o sonho continua
E a minha boca até quando ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando
Sei de um rio, sei de um rio
Sei de um rio, até quando

Pedro Homem de Melo – Alain Oulman

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Vaidade

Passeio de vaidade...
Elogio do supérfluo...
Ide ao encontro do que esvazia
A alma e encanta a fantasia...

Estados de Alma!? Descoberta!Identificação?!

Bloodbuzz Ohio

"Stand up straight at the foot of your love
I lift my shirt up
Stand up straight at the foot of your love
I lift my shirt up
I'll rest my eyes till the fevers outta me
I'll rest my eyes to the rivers in the sea
I'll rest my eyes till the fevers outta me
I'll rest my eyes to the rivers in the sea
I was carried to Ohio in a swarm of bees
I'll never marry but Ohio don't remember me
I still owe money to the money to the money I owe
I never thought about love when I thought about home
I still owe money to the money to the money I owe
I never thought about (?) everybody I know
I'm on a blood buzz
Yes I am
I'm on a blood buzz
I'm on a blood buzz
God I am
I'm on a blood buzz
Lay my head on the hood of your car
I'll take it too far
Lay my head on the hood of your car
I'll take it too far
I'll rest my eyes till the fevers outta me
I'll rest my eyes to the rivers in the sea
I'll rest my eyes till the fevers outta me
I'll rest my eyes to the rivers in the sea
I'm on a blood buzz
Yes I am
I'm on a blood buzz
I'm on a blood buzz
God I am
I'm on a blood buzz
I was carried to Ohio in a swarm of bees
I'll never marry but Ohio don't remember me
I still owe money to the money to the money I owe
I never thought about love when I thought about home
I still owe money to the money to the money I owe
I never thought about (?) everybody I know
I'm on a blood buzz
Yes I am
I'm on a blood buzz
I'm on a blood buzz
God I am
I'm on a blood buzz!"

sábado, 18 de dezembro de 2010

The National

Say you stay at home
Alone with the flu
Find out from friends
That wasn't true
Go out at night with your headphones on, again
And walk through the Manhattan valleys of, the dead

Didn't want to be your ghost
Didn't want to be anyone's ghost
Didn't want to be your ghost
Didn't want to be anyone's ghost
But I don't want anybody else
I don't want anybody else

You said I came close
As anyone has come
To live underwater
For more than a month
You said it was not inside my heart, it was
You said it should tear a kid apart, it does

Didn't want to be your ghost
Didn't want to be anyone's ghost
Didn't want to be your ghost
Didn't want to be anyone's ghost
But I don't want anybody else
I don't want anybody else
I don't want anybody else
I don't want anybody else

I had a hole in the middle where the lightning went through it
Told my friends not to worry
I had a hole in the middle someone's sideshow wouldn't do it
I told my friends not to worry

Didn't want to be your ghost
Didn't want to be anyone's ghost
Didn't want to be your ghost
Didn't want to be anyone's ghost

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Winter Days

Chove sem cessar.
Na rua ao fundo brilha o sol,
Que não se vê, escondido está
Entre nuvens de penumbra e escuridão
Na rua ao fundo da minha mente,
Chove, troveja sem cessar.

A chuva persiste, caindo, pesadamente.
A água aglomera-se nas calçadas, nos jardins,
Por todo o lado.
Será que chove em Teus magníficos jardins ,
Onde deambulas, observando-me.?

Brilha, agora, um Sol que parece aquecer-me,
Por esparsos momentos, sim ínfimos minutos.
Passa uma nuvem, passa outra, adpressa, carregando
O céu com uma bruma escura e doentia,
Que me remete para o spleen, para o horror da ataraxica
e asténica letargia.
De viver mais um dia, sem a alegria que teu sorriso.
Irradia, que teu corpo pulsa e o meu absorve, avidamente.

As nuvens passam. O sol aparece, revigorado,
Irradiando apolínea energia.
Agora a chuva cessou, na rua ao fundo da minha mente,
Não troveja. Brilha o Magno Astro alcandorado
no alto do fantasioso manto azul

Uma tarde de Maio

Vislumbro o Horizonte.
Numa melancólica tarde de Maio
Sinto o corpo extenuado à beira do desmaio.
A água, as árvores, as ervas, dançam
à minha frente.
Faço por te ver nos cantos da minha memória,
não o consigo, passa por minha mente um fluxo,
um jacto, que varre todos os doces momentos.
Relembro, sofregamente, os amargos tormentos
d’outrora...

Caminhar

No coração de uma planície me perco,
Me encontro, descubro-me, incoerentemente.
Vislumbro o que me rodeia: árvores, pássaros
Ausculto seu doce chilreio: melancólico.
Contemplo, estupefacto, seu vivo e alegre
Planar. Penso e quero, desejo, avidamente:
Voar à sua semelhança, esbracejo, luto por
Tal façanha. Embora constate, eu bípede caminhante,
errante, a pesada herança pelo Criador legada:
Terei, pé ante pé, trilhar minha caminhada.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Elogio a Genialidade de Pessoa!

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.
A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.
(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Elephant Gun-Beirut

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all that i hide".

Basta ler a letra e pensar onde todos nós, geração de 80´s, nos revemos nela!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Imberbes 19´s

Amor

Procura de calor,
Carinho e compreensão.
O acto volitivo de amar.
Procurar, desbravar, encontrar
Alguém para nos acompanhar e consolar.
Que nos ceda seu peito, para rir,
amar e acalentar.
Amar é completar, eliminar
O vazio que nos enche o espírito.
Também nos desola e entristece.
Amar é um acto de gáudio,
Cria o sentido, preenche o vácuo
É, simplesmente, redentor,
Porque com ele vivemos sem dor.
Tudo brilha mesmo sem luz,
Tudo aquece, mesmo estando álgido
O Tempo. Acalma o calor, reaviva,
Sentimentos, adormecendo tormentos.
Amor é... um mar de questões
repleto de ondas sem respostas.


11 de Maio de 2003

Insónias Poéticas

Incognitum....

Ser como ser
É função do estar por parecer
Procurar o que se é
No desencontro daquilo que foi
O ontem, o hoje e o amanhã
Incognitum gostaria, viviria
Melhor quiçá...desconhecido



Sonho


Quando o sonho se esvai e a realidade entra
Tudo se muda, tudo se altera,
A alma triste e muta desespera
Pelo alvor do perdido sonho, pelo retornar da doce quimera,
O sonho fica e a realidade se esfuma.
Quando a realidade o sonho penetra.

Já tem o seu tempo, mas permanecem o espelho do meu eu por conhecer.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Matéria Humana


Compostos Químicos,
Carne, Osso, pele,
Sentidos, Sentimentos, Matéria!
Fraca Matéria, Triste e Ignóbil Miséria!
Feitos de Sentimentos, de Fraquezas e Fortalezas veladas!

Corpos, materiais, sangue e veneno,
Correm em torrente "underskin",
Queima, mata e agonia,
Corpos desencontrados avessos à sintonia!

Vida é qual orquestra desafinada,
Feita de dor, amor e fachada,
Live life and let die,
Just in case...forgive and forget!

Nonsense inside!